Dos Guajajaras a Zé Keti: revelando saberes outros do Engenho da Rainha através da Arte Educação

Abstract

Reflexões e relatos de experiência acerca do processo de revisão epistêmica inspirado no bairro do Engenho da Rainha, relacionando-as por meio das contribuições de diversos autores/sujeitos cujos os pensamentos são imprescindíveis para o campo do Ensino das Artes Visuais. Denuncia-se o processo que se desenvolveu com a exclusão dos saberes de culturas de raízes indígenas e africanas no bairro em causa e que, refletido nos currículos de Artes Visuais, acarreta na presença exacerbada de conteúdos monoculturais/eurocentrados, sem dar a devida atenção aos mananciais de arte e cultura local. O trabalho aponta a necessidade de (re)pensar práticas e currículos de Artes Visuais abordando a cultura do Engenho da Rainha na perspectiva contra-hegemônica, de modo a contemplar as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de “História e Cultura Afro Brasileira e Indígena” na educação básica, valorizando epistemologias subalternizadas. O presente trabalho busca articular diferentes conhecimentos, possibilitando a reconstrução de histórias apagadas na tentativa de burlar e responder ao brutal processo de epstemicídio dessas culturas de frestas suburbanas. Tal percurso poético, reflexivo e repleto de memórias afetivas é acompanhado de relatos de experiência de processos de ensino e aprendizagem em Artes Visuais, que foram vivenciados pelo(s) educador/educandos da escola da 3ª CRE no Engenho da Rainha. Pautados nessas encruzilhadas e poéticas emergentes de artistas contemporâneos, a experiência exposta tem como objetivo a revelação de saberes antes ocultadas, além do cultivo do sentimento de autoestima/pertencimento, ampliando as possiblidades de reflexão sobre as relações étnico-raciais no contexto escolar.

Reflections and experience reports about the epistemic review process inspired by the Engenho da Rainha neighborhood, relating them through the contributions of several authors/subjects whose thoughts are essential for the field of Visual Arts Teaching. The process that developed with the exclusion of knowledge from cultures of indigenous and African roots in the neighborhood in question is denounced and which, reflected in the Visual Arts curricula, leads to the exacerbated presence of monocultural/Eurocentric contents, without giving due attention to the sources of local art and culture. The work points out the need to (re)think Visual Arts practices and curricula approaching the culture of Engenho da Rainha in the counter-hegemonic perspective, in order to contemplate Laws 10.639/2003 and 11.645/2008 that establish the mandatory teaching of " Afro-Brazilian and Indigenous History and Culture” in basic education, valuing subaltern epistemologies. The present work seeks to articulate different knowledge, enabling the reconstruction of erased histories in an attempt to circumvent and respond to the brutal process of epistemicide of these cultures of suburban crevices. Such a poetic, reflective path, full of affective memories, is accompanied by reports of experience of teaching and learning processes in Visual Arts, which were experienced by the educator/students of the 3rd CRE school in Engenho da Rainha. Based on these crossroads and emerging poetics of contemporary artists, the exposed experience aims to reveal previously hidden knowledge, in addition to cultivating the feeling of self-esteem/belonging, expanding the possibilities of reflection on ethnic-racial relations in the school context.