Édouard Louis: autobiografia, escola e ensino de literatura

Abstract

Nosso trabalho propõe um estudo da literatura como um espaço de emancipação humana no ensino, explorando a articulação entre as teorias do pacto autobiográfico de Philippe Lejeune, a sociologia da educação de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron e as reflexões da professora Cyana Leahy-Dios. A partir dessa perspectiva, abordaremos a questão da escola em duas autobiografias de Édouard Louis, um jovem escritor francês que tem ganhado projeção tanto no cenário nacional quanto internacional ao transformar seu percurso de vida em matéria literária. Focaremos em obras como O fim de Eddy (2018) e Mudar: método (2024), as quais serão investigadas com o objetivo de evidenciar como Louis tensiona as fronteiras entre o indivíduo e o coletivo, revelando os efeitos da dominação econômica, cultural, social e simbólica sobre os sujeitos marginalizados. Dessa maneira, ao mobilizarmos a literatura de Louis em contextos educativos, sugeriremos que os estudantes possam refletir sobre desigualdade, exclusão e violência estrutural, sem a necessidade de conhecimento prévio de referenciais teóricos da sociologia. Proporemos, assim, integrar as autobiografias de Louis ao ensino como uma ruptura com as práticas pedagógicas tradicionais, proporcionando aos alunos a oportunidade de realizar uma leitura crítica das estruturas sociais. Nossa abordagem destacará também a importância do papel do professor, que precisa atuar como mediador crítico entre o texto e o leitor, estimulando o pensamento reflexivo e a construção de saberes coletivos, conscientes e politicamente engajados. Por fim, sustentaremos um modelo de educação literária que vai além da simples fruição estética, comprometendo-se com a transformação social e utilizando a literatura como ferramenta de análise crítica e intervenção no contexto educacional.