O jongo enquanto elemento afrocentralizador na educação infantil

Abstract

No presente trabalho apresentamos o jongo enquanto uma possibilidade de afrocentrar, e, portanto, decolonizar, a prática docente na Educação Infantil a partir da vivência de um projeto pedagógico que incluiu o jongo, em especial o Jongo da Serrinha, localizado no bairro de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, nas aulas de dança e música, em uma turma de crianças de 4 e 5 anos de uma escola privada localizada na zona sul da cidade. A cultura trazida da África pelas pessoas de origem bantu escravizadas se espraiou pelo cotidiano da turma, apontando novas perspectivas. Com o objetivo de analisar a possibilidade de uma prática docente antirracista na Educação Infantil, elegemos o estudo de caso como metodologia de pesquisa, e observamos mudanças na postura e percepção das crianças da turma ao longo do projeto. Chamou a nossa atenção o envolvimento das crianças, e o destaque que o jongo e seus protagonistas negros adquiriam durante esse processo. Compreendemos, então, ser fundamental o engajamento por uma educação antirracista desde a Educação infantil, apesar das limitações que o racismo estrutural nos impõe.

In this paper, we present jongo as a possibility to Afrocenter, and therefore decolonize, teaching practices in Early Childhood Education based on the experience of a pedagogical project that included jongo, especially Jongo da Serrinha, located in the Madureira neighborhood, in the northern part of Rio de Janeiro, in dance and music classes for a class of 4- and 5-year-old children from a private school located in the southern part of the city. The culture brought from Africa by enslaved people of Bantu origin spread throughout the daily life of the class, revealing new perspectives. With the aim of analyzing the possibility of an anti-racist teaching practice in Early Childhood Education, we chose the case study as a research methodology, and we observed changes in the attitude and perception of the children in the class throughout the project. We were struck by the involvement of the children and the prominence that jongo and its black protagonists acquired during this process. We understand, therefore, that it is essential to engage in anti-racist education from early childhood education onwards, despite the limitations that structural racism imposes on us.