O ensino de biologia e artes no combate à discriminação étnico-racial no Brasil: uma abordagem interdisciplinar da cor da pele no ensino médio

Abstract

A cor de pele em humanos é uma herança complexa determinada por um grupo de genes que, juntamente com o ambiente, influenciam na pigmentação cutânea. Ao longo da história, este fenótipo tomou dimensões sociais, tornando-se um dos critérios utilizados para a hierarquização da espécie humana em raças biológicas. Neste contexto racista, pessoas de pele escura (negras) são consideradas inferiores às pessoas de pele clara (brancas), sendo, portanto discriminadas. No Brasil, este fenômeno é chamado de preconceito racial de marca, também conhecido como colorismo ou pigmentocracia. Este cenário tende a gerar nas pessoas com traços negroides o sentimento de não pertencimento à sociedade, baixa autoestima e inferioridade, fazendo com que elas busquem estratégias, na maioria das vezes estéticas, na tentativa de branqueamento de seus traços físicos. Considerando este contexto da nossa sociedade, o presente trabalho tem como objetivo a apresentação de uma Sequência Didática Investigativa interdisciplinar entre as disciplinas de Biologia e Artes para contribuir para o debate acerca da temática em sala de aula, conforme previsto na lei n 10.639/03. Para isto contaremos com o viés artístico, a partir da análise dos trabalhos de Adriana Varejão e Angélica Dass, duas artistas contemporâneas, como forma de sensibilização e contextualização dos alunos frente ao tema cor de pele e racismo. Já a Biologia terá o papel de desconstruir a existência biológica de “raças” humanas e, juntamente com a disciplina de Artes, abordar aspectos socioculturais intrínsecos ao conceito sociológico de raça (relações étnico-raciais). Considerando que os trabalhos nesta área são escassos para o Ensino Médio, o nosso trabalho é de extrema importância para auxiliar os professores deste segmento na abordagem e discussão da discriminação étnico-racial em sala de aula, de maneira interdisciplinar, contribuindo, assim, para combater este cenário discriminatório e opressor na sociedade brasileira.

The skin color, in humans, is a complex heritage determined by a group of genes that, along with the environment, affects the skin coloring. Along the History, this phenotype has reached social dimensions, becoming one of the criteria used for the human species hierarchy in biological races. In this racist context, people with dark skin color (black people) are considered inferior to people with fair skin color (white people), being, therefore, discriminated. In Brazil, this phenomenon is called racial prejudice of sign, also known as colorism or pigmentocracy. This scenario tends to develop in people with black traits the feeling of not belonging in society, low self- esteem and inferiority, making them look for strategies, most of the times, aesthetic ones, to clear their physical signs. Considering this to be our social context, this work aims at the presentation of a multidisciplinary investigative didactic sequence between Biology and Art subjects to contribute to the debate on this theme in classrooms, as foreseen in law number 10.639/03. To this, we will rely on the artistic view, from the analysis of Adriana Varejão and Angélica Dass’s works, two contemporary artists, as means of awareness and contextualization of students regarding skin color and racism issues. Relying on Biology, we will deconstruct the biological existence of human “races” and, in accord with Art, we will approach sociocultural aspects that are intrinsic to the sociological concept of race (ethnic-racial relations). Considering that the works in this area are scarce to High School, our work is extremely important to help this segment teachers on the approach and discussion of ethnic-racial discrimination in classrooms, in a multidisciplinary way, contributing to fight against this discriminatory and oppressor scenario in Brazilian society.