Conflitos socioambientais na aula de ciências: uma sequência didática por justiça ambiental nas periferias

Abstract

O presente trabalho teve como objetivo elaborar uma Sequência Didática (SD) para desenvolver com estudantes do segundo segmento do Ensino Fundamental (EFII) temas relacionados aos conflitos ambientais e à luta por justiça socioambiental. O questionamento principal que guiou o trabalho foi: Como o ensino de Ciências, baseado em conflitos socioambientais, pode contribuir para uma Educação que busca a justiça socioambiental a partir da relação dos estudantes de periferia com o seu território? A partir disso, o produto educacional foi pensado com o propósito de dialogar com as realidades de estudantes de favelas e periferias, com objetivo de não requerer muitos recursos didáticos e estruturais para ser aplicado. Do ponto de vista dos pressupostos teóricos e metodológicos, o trabalho localiza-se no campo da Educação Ambiental Crítica e trata-se de uma Pesquisa Qualitativa que tem como metodologia de investigação científica a Análise Documental realizada a partir do estudo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A proposta de SD foi estruturada em quatro etapas: Aula 1: Cartografando o meu território; Aula 2: Racismo… Ambiental?; Aula 3: Conflitos socioambientais na sala de aula; Aula 4: Soluções individuais e coletivas para denúncia e anúncio. Ao longo desta produção destaca-se a necessidade de superar práticas conservadoras na Educação Ambiental, promovendo o protagonismo dos estudantes e a reflexão sobre conflitos socioambientais, racismo ambiental e justiça ambiental. Para isso, adotou-se metodologias ativas como o Desempenho de Papéis (Role Playing) e a Cartografia Social. Assim, o produto educacional visa contribuir para desenvolver a espontaneidade e protagonismo dos estudantes e estimular que sejam propostas iniciativas individuais e coletivas para a solução de problemas socioambientais do território onde a escola está inserida. Com isso, almeja-se promover o processo de ensino-aprendizagem de Ciências e Educação Ambiental como espaços de denúncia e anúncio, resgate de utopias e construção de alternativas ao modelo desenvolvimentista e exploratório. Conclui-se que a SD apresenta potencial de aplicabilidade em diferentes realidades, sendo um recurso proveitoso para os educadores que buscam uma proposta alinhada com a perspectiva da Educação Ambiental Crítica a partir de ganchos curriculares da BNCC.