Os usos da literatura no ensino de história: uma perspectiva comparativa entre duas práticas pedagógicas diferenciadas

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre o uso da literatura no ensino de História, originada no contexto do Programa de Residência Docente do Colégio Pedro II, que se configura como uma experiência diferenciada de formação continuada de professores. A proposta surge da percepção de que a formação inicial em licenciatura, embora rica em fundamentos teóricos da Pedagogia, Filosofia, Sociologia e legislação educacional, muitas vezes se revela insuficiente para enfrentar os desafios práticos do cotidiano escolar. A experiência docente evidencia uma lacuna entre o acúmulo teórico e as demandas concretas da sala de aula, especialmente diante das dificuldades de escrita, interpretação e desenvolvimento crítico observadas entre os alunos. A autora aponta que a realidade escolar, marcada por baixa motivação discente e restrições de tempo — com aulas de História limitadas a cinquenta minutos semanais em alguns contextos —, demanda estratégias pedagógicas que conciliem teoria e prática de forma significativa. Nesse sentido, a literatura surge como um recurso capaz de aproximar o aluno dos processos históricos, ampliando sua capacidade interpretativa e crítica, além de tornar o ensino mais prazeroso e interdisciplinar. A proposta do trabalho, portanto, consiste em defender o uso sistemático de obras literárias nas aulas de História, superando o papel meramente ilustrativo que os livros didáticos tradicionalmente atribuem a esses textos. O trabalho contextualiza a experiência pessoal da autora com a literatura, desde a adolescência, e mostra como essa familiaridade inspirou o interesse em explorar suas potencialidades pedagógicas. Também evidencia que, ao longo da trajetória acadêmica, disciplinas eletivas e projetos de pesquisa permitiram o aprofundamento dessa perspectiva, embora a prática em sala de aula tenha revelado a necessidade de métodos mais concretos e aplicáveis. A literatura, enquanto fonte histórica, é apresentada como um instrumento capaz de estimular o protagonismo discente, desenvolver competências de leitura, escrita e interpretação, e promover o letramento histórico necessário à formação cidadã. Do ponto de vista teórico, o trabalho se fundamenta em autores como Mikhail Bakhtin, Carlo Ginzburg, Nicolau Sevcenko, Beatriz Polidori Zechlinski e Ademar Firmino dos Santos. Estes pesquisadores discutem a relação entre História e Literatura, destacando tanto a dimensão histórica das produções literárias quanto o papel da circularidade cultural e da interdisciplinaridade no ensino. A literatura é compreendida como documento histórico, portadora de intencionalidades e representações sociais, cuja análise crítica contribui para a compreensão de processos históricos, relações de poder, mentalidades e contextos sociopolíticos. A pesquisa ainda denuncia limitações recorrentes dos livros didáticos, que tendem a apresentar trechos literários apenas como ilustração, raramente propondo atividades reflexivas ou comparativas. Para superar essas lacunas, o trabalho sugere o uso da biblioteca escolar como espaço de aprendizagem, estimulando familiaridade com o ambiente e autonomia docente na elaboração de atividades mais significativas. O objetivo é reduzir a dependência do livro didático, promover práticas interdisciplinares e oferecer aos professores estratégias replicáveis e adaptáveis às diferentes realidades escolares. Conclui-se que a inserção sistemática da literatura no ensino de História contribui para o desenvolvimento de competências leitoras e críticas, potencializa a aprendizagem significativa e amplia a formação cidadã dos alunos. Embora não apresente propostas pioneiras, o trabalho reforça a urgência de práticas pedagógicas que integrem teoria e aplicação concreta, fortalecendo o papel do professor como mediador do conhecimento e estimulando uma comunidade escolar mais reflexiva e engajada. [RESUMO GERADO POR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL]

Abstract

This paper presents a reflection on the use of literature in the teaching of History, originating in the context of the Teaching Residency Program at Colégio Pedro II, which constitutes a differentiated experience in continuing teacher education. The proposal arises from the perception that initial teacher training, although rich in theoretical foundations from Pedagogy, Philosophy, Sociology, and educational legislation, often proves insufficient to face the practical challenges of daily school life. Teaching experience highlights a gap between theoretical accumulation and the concrete demands of the classroom, especially given the difficulties in writing, interpretation, and critical development observed among students. The author points out that the school reality, marked by low student motivation and time constraints—with History classes limited to fifty minutes per week in some contexts—demands pedagogical strategies that meaningfully combine theory and practice. In this sense, literature emerges as a resource capable of bringing students closer to historical processes, enhancing their interpretative and critical capacity, and making teaching more enjoyable and interdisciplinary. The purpose of the work, therefore, is to advocate for the systematic use of literary works in History classes, overcoming the merely illustrative role that textbooks traditionally assign to these texts. The paper contextualizes the author’s personal experience with literature, beginning in adolescence, and shows how this familiarity inspired the interest in exploring its pedagogical potential. It also highlights that, throughout the academic trajectory, elective courses and research projects allowed the deepening of this perspective, although classroom practice revealed the need for more concrete and applicable methods. Literature, as a historical source, is presented as an instrument capable of stimulating student protagonism, developing reading, writing, and interpretation skills, and promoting the historical literacy necessary for citizenship formation. From a theoretical standpoint, the work is grounded in authors such as Mikhail Bakhtin, Carlo Ginzburg, Nicolau Sevcenko, Beatriz Polidori Zechlinski, and Ademar Firmino dos Santos. These scholars discuss the relationship between History and Literature, highlighting both the historical dimension of literary productions and the role of cultural circularity and interdisciplinarity in teaching. Literature is understood as a historical document, bearing intentionalities and social representations, whose critical analysis contributes to the understanding of historical processes, power relations, mentalities, and sociopolitical contexts. The research also exposes recurring limitations of textbooks, which tend to present literary excerpts only as illustrations, rarely proposing reflective or comparative activities. To overcome these gaps, the work suggests the use of the school library as a learning space, encouraging familiarity with the environment and teacher autonomy in designing more meaningful activities. The goal is to reduce dependence on textbooks, promote interdisciplinary practices, and provide teachers with strategies that are replicable and adaptable to different school realities. It concludes that the systematic integration of literature into History teaching contributes to the development of reading and critical skills, enhances meaningful learning, and broadens students’ civic formation. Although it does not present pioneering proposals, the work reinforces the urgency of pedagogical practices that integrate theory and concrete application, strengthening the teacher’s role as a mediator of knowledge and fostering a more reflective and engaged school community.[ABSTRACT GENERATED BY ARTIFICIAL INTELLIGENCE]

Palavras-chave

História - Estudo e ensino, Práticas pedagógicas, Literatura e história, Protagonismo discente

Citação

MAINOTH, Carolina Chalfun. Os usos da literatura no ensino de história: uma perspectiva comparativa entre duas práticas pedagógicas diferenciadas. 2013. Produto Acadêmico Final (Programa de Residência Docente) – Colégio Pedro II, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Rio de Janeiro, 2013. URI