Confederação dos Tamoios: sociedade primitiva ou sociedade auto instituída?

Abstract

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo, apresentar A Confederação dos Tamoios como uma Sociedade Autoinstituida, visto que a mesma, em determinados momentos da historiografia, foi vista como uma sociedade primitiva, tanto por cronistas da época, quanto por portugueses no momento da ocupação do Brasil. Analisou-se como os hábitos e costumes diferenciados dos indígenas tornaram-se surpreendentes para os estrangeiros europeus do século XVI, que consequências este encontro de culturas diferentes teve ao moldar tanto a maneira de pensar e agir dos grupos indígenas, quanto dos invasores. Procurou-se analisar este encontro de culturas sem pensamentos etnocêntricos, foi utilizada historiografia de cronistas da época da ocupação, cronistas estes que participaram ativamente do processo histórico, os quais relatam os costumes da época seja de estrangeiros, seja das populações originais do Brasil. Utilizou-se, também, a opinião de cronistas atuais sobre o conceito de sociedades autoinstituídas e sociedades sem Estado, inclusive, citando algumas experiencias mais recentes de sociedades autoinstituidas. Apresenta-se, também, como o ensino da História indígena é abordado em sala de aula, a princípio de forma tradicional, ao passo que o mesmo iniciou um processo de mudança por causa dos movimentos de luta por direitos indígenas, a partir da década de 1970. Atualmente esta pesquisa é relevante pois tenta elucidas aos docentesseu dever em repensar a didática e a metodologia de ensino sobre como uma sociedade pode se autoinstituir, demonstrando que essas já existiram em nosso meio, além de como é necessária uma nova maneira de se pensar a sociedade.

This undergraduate thesis aims to present the Tamoio Confederation as a self-instituted society, challenging its classification in certain historiographical periods as a primitive society—an interpretation shared both by contemporary chroniclers and the Portuguese during the colonization of Brazil. The research analyzes how the distinct habits and customs of Indigenous peoples surprised 16th-century European outsiders, and how this cultural encounter shaped the worldviews and behaviors of both Indigenous groups and colonizers. The study seeks to approach this intercultural contact without ethnocentric assumptions, drawing on firsthand historical accounts by chroniclers involved in the colonization process who described both European and Indigenous customs. It also incorporates contemporary scholarship on the concepts of self-instituted societies and stateless societies, including modern examples of such social structures. Furthermore, the paper examines how Indigenous history is taught in classrooms—traditionally approached in a Eurocentric manner, but gradually transforming since the Indigenous rights movements of the 1970s. This research is particularly relevant today, as it calls on educators to rethink their teaching strategies and methodologies to acknowledge the existence and legitimacy of self-instituted societies, promoting new perspectives on how societies can be conceived.