A educação sexual no ensino de química do ensino médio: uma revisão da literatura

Abstract

A inclusão daEducação Sexual nas escolas brasileiras passou a ser pauta de diversas discussões a partir de 1920, depois que as manifestações da sexualidade foram consideradas como doença. Ao longo dos anos essa inclusão passou por diferentes propostas que ou não foram duradouras ou que não puderam ser implementadas devido às fortes influências religiosas, políticas e sociais. Somente em meados de 1980, devido ao aumento da taxa de contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da taxa da gravidez na adolescência, que essa educação foi formalizada, obtendo seu reconhecimento e relevância na sociedade. Com isso, a mesma foi inserida no ambiente escolar através do tópico Educação para Saúde exclusivamente trabalhado nas áreas de Ciências e Biologia. Em 1998, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº 9394, foram criados os Parâmetros Curriculares Nacionais onde a Educação Sexual foi integrada como um dos temas transversais com o título de Orientação Sexual, cujo objetivo é a promoção da saúde das crianças e dos adolescentes através da prevenção de DST, gravidez indesejada, abuso sexual, autoconhecimento e reflexão da própria sexualidade. Por ser considerado um tema transversal deve ser trabalhado em conjunto com as demais áreas do conhecimento, com isso, questionou-se se a área da Química aborda esse tema e como é feita essa abordagem. Neste sentido, este estudo objetivou identificar como o tema Educação Sexual tem sido relacionado com o Ensino de Química do Ensino Médio. Para isso realizou-se uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo utilizando como instrumento de coleta de dados a pesquisa bibliográfica para obter todas as informações possíveis sobre o assunto estudado. Utilizou-se os descritores “educação sexual”, “orientação sexual” e “sexualidade” para a busca do material nos anais publicados entre o período de 2010-2018 no Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), no Simpósio Brasileiro de Educação Química (SIMPEQUI) e no Congresso Brasileiro de Química (CBQ). A pesquisa resultou na identificação de 14 trabalhos, sendo apenas 2 deles voltados para o Ensino Médio. Destes dois, um foi publicado no ENEQ de 2018 e utilizou diferentes tipos de metodologia de ensino e o outro foi publicado no CBQ de 2017 e utilizou a oficina temática como metodologia. Diante destes resultados obtidos concluímos que é pequena a quantidade de trabalhos sobre a Educação Sexual na área de Química voltados para o Ensino Médio, que pode ser justificado pelo fato dos professores de ciências/biologia e os profissionais de enfermagem serem considerados os principais agentes responsáveis por essa educação dentro do ambiente escolar. Outro motivo para tal resultado é a delimitação da fonte de busca, o que limita a quantidade de trabalhos encontrados. No mais conclui-se que a Educação Sexual deve sim ser abordada dentro da disciplina de Química, através da interdisciplinaridade e contextualização, para que seja possível combater preconceitos, promover o diálogo, desenvolver o pensamento crítico e aproximar os conceitos científicos da realidade dos alunos.

The inclusion of Sexual Education in Brazilian schools became the subject of several discussions from 1920 onwards, after the manifestations of sexuality were considered as a disease. Over the years, this inclusion has undergone different proposals that were either not lasting or could not be implemented due to strong religious, political and social influences. It was only in the mid-1980s, due to the increase in the rate of contamination by Sexually Transmitted Diseases (STD) and the rate of teenage pregnancy, that this education was formalized, gaining its recognition and relevance in society. With this, it was inserted in the school environment through the topic Education for Health exclusively worked in the areas of Science and Biology. In 1998, with the promulgation of the Law of Guidelines and Bases of National Education, nº 9394, the National Curriculum Parameters were created, where Sexual Education was integrated as one of the transversal themes with the title of Sexual Orientation, whose objective is the promotion of health of children and adolescents through the prevention of STDs, unwanted pregnancies, sexual abuse, self-knowledge, and reflection on their own sexuality. As it is considered a crosscutting theme, it should be worked in conjunction with other areas of knowledge, therefore, it was questioned whether the area of Chemistry addresses this topic and how this approach is made. In this sense, this study aimed to identify how the topic of Sexual Education has been related to High School Chemistry Teaching. For this, exploratory research of a qualitative nature was carried out, using bibliographic research as a data collection instrument to obtain all possible information on the studied subject. The descriptors "sexual education", "sexual orientation" and "sexuality" were used to search for material in the annals published between the period 2010-2018 at the National Meeting of Chemistry Education (ENEQ), at the Brazilian Symposium on Chemical Education (SIMPEQUI) and at the Brazilian Congress of Chemistry (CBQ). The research resulted in the identification of fourteen works, being only two of them aimed at High School. Of these two, one was published in the 2018 ENEQ and used different types of teaching methodology and the other was published in the 2017 CBQ and used the thematic workshop as a methodology. Given these results, we conclude that there is a small amount of work on Sex Education in the Chemistry area aimed at high school, which can be justified by the fact that science/biology teachers and nursing professionals are considered the main agents responsible for this education within the school environment. Another reason for this result is the delimitation of the search source, which limits the amount of works found. In addition, it is concluded that Sexual Education should indeed be approached within the Chemistry discipline, through interdisciplinarity and contextualization, so that it is possible to combat prejudice, promote dialogue, develop critical thinking, and bring scientific concepts closer to the students' reality.