Temas de história e cultura africana e afro-brasileira – oficina de ensino: intolerância, africanidade e gênero

Abstract

O artigo é uma contribuição para desmistificar o universo da Umbanda e de suas figuras sagradas, em especial Exu e pombagira. A esperança é a de que o tema possa ser compreendido em um contexto crítico, à luz do consenso que, cada vez mais no campo pedagógico, denuncia o mito da democracia racial e religiosa. A primeira parte traz um conjunto de leituras em torno dos estudos de religiosidade afro-brasileira, em especial do campo da Umbanda e gênero. A segunda parte aproxima o tema da escola, debatendo o contexto de intolerância com as religiões de matrizes africanas no Brasil e suas relações com o ensino. A atividade que será apresentada ao final do artigo é pensada como uma prática voltada ao público do Ensino Médio e tem como objetivos: a) identificar, pelo olhar os estudantes, as diversas percepções negativas existentes sobre o tema das religiões de matrizes africanas no cotidiano urbano; b) colocá-los em contato com a africanidade inerente à Umbanda e à pombagira, lançando luz sobre e o entendimento e o respeito às formas simbólicas da religiosidade africana e afro brasileira; e c) demonstrar o potencial existente em pensarmos a figura da pombagira numa dimensão que articula relações étnico-raciais e de gênero, valendo-se de uma análise discursiva através dos chamados “pontos cantados”. Espera-se, dessa forma, demonstrar o vigor do estudo das religiões afro-brasileiras em busca de uma sociedade menos intolerante e mais justa.