Instituto HOJU: experiência autônoma, policêntrica e afro-diaspórica de ensino de história da África

Abstract

O presente trabalho dedicou-se a estudar o curso de História Geral da África do Instituto Hoju. Trata-se de documentar a história, os objetivos, as expectativas e o método pedagógico utilizado por essa instituição. O Instituto Hoju compõe à luta do povo negro em prol da educação anti colonial, priorizando as policentralidades das referências africanas e afro diaspóricas por uma perspectiva holística. Todo esse trabalho chama atenção por ser uma organização integralmente negra, original e autônoma, que reconhece a diversidade africana em solo brasileiro e prospera com métodos únicos que servem de exemplo para o campo da educação. A instituição pauta-se na própria experiência afro-pindorâmica para desenvolver suas atividades, perspectiva na qual foi possível elaborar a chamada pedagogia matriarcal. Dada a trajetória do negro na história brasileira, o ensino de história da África não se simplifica a um conteúdo escolar pois as consequências da aprendizagem desses saberes, se devidamente trabalhados, são capazes de mexer com as estruturas da sociedade. Dessa forma, o Instituto trabalha na intenção de garantir a consciência história e devolver o protagonismo africano, para que o mesmo responda por si mesmo. No trabalho do Instituto Hoju, educação e cultura andam juntos, concentrando-se em efetivar o processo de desblindagem cognitiva da população negra no Brasil, para qual voltam-se suas atividades. A fim de traçar como isso acontece, e considerando que esta história até então não fora abordada academicamente, foram realizadas entrevistas abertas com atores que compõe a instituição, seja na parte administrativa ou na posição de discente. O resultado visto no curso de História Geral da África, foco desta monografia, é sinônimo de autonomia, configurando a pedagogia matriarcal como uma educação libertadora. Conclui-se, nesses termos, que a instituição tem cumprido seus objetivos de maneira a alcançar potentes construções, frutos de sua maternidade compartilhada e perspectiva matriarcal.