O jogo na escola e a escola no jogo: leitura crítica da organização do espaço a partir da construção de jogos no ensino da geografia

Abstract

A presente pesquisa reflete sobre a utilização de jogos no ensino da Geografia, no contexto escolar da Educação Básica, e a forma como pode interferir no desenvolvimento da compreensão sobre a organização do espaço vivido em alunos de oito a dez anos de idade. A dissertação foi realizada como requisito do curso do Mestrado Profissional em Práticas de Educação Básica do Colégio Pedro II (MPPEB-CPII) e nos interesses da pesquisadora/professora em problematizar sobre a temática. Essa foi aplicada no Colégio Pedro II com alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental I. O objetivo geral dessa investigação foi verificar como a utilização de jogos enquanto recurso pedagógico e lúdico contribuem para o ensino e aprendizagem de conteúdos geográficos. Para isso, outros objetivos específicos foram definidos, como, por exemplo, desenvolver sequências de atividades por intermédio da construção e aplicação de jogos que sirvam de material de apoio para outros profissionais no ensino da Geografia. Além disso, apresentar a importância da formação continuada dos professores do Ensino Fundamental I. E também, trabalhar o jogo como estratégia de ensino-aprendizagem lúdica. Por fim, analisar a suposta dicotomia entre aprender e brincar através dos jogos. Este trabalho caracterizou-se como qualitativo, configurando a sua abordagem na técnica de observação participante, fundamentada em dados e análises provenientes do cotidiano da escola, durante as aulas de Estudos Sociais e na aplicação dos jogos. Dessa forma, a pesquisa foi formulada a partir de dois aspectos de natureza metodológicas consideradas importantes nessa técnica: a amostragem de tempo e anotações de campo. O primeiro, aplicado na organização do tempo necessário para a pesquisa, enquanto o segundo no que se refere às formas de registro das informações. Dentre os vinte e quatro estudantes que participaram da pesquisa, cem por cento dos alunos demonstraram ter aprendido a partir dos jogos. Essas aprendizagens, ocorreram de maneira lúdica, permitindo que os conhecimentos fossem sendo construídos nas trocas entre alunos, professora e alunos, e também deles com os jogos. Nesse sentido, os alunos foram transpondo da simples percepção do espaço em que vivem e estudam para a concepção crítica do espaço real. Como resultado da observação da pesquisadora sobre os fatos e fenômenos que ocorreram durante a pesquisa, e na aplicação de coleta de dados que foram realizadas antes e depois do uso dos jogos, surgiram algumas considerações finais. Primeiro, refere-se à importância de inclusão de disciplinas que trabalhem com os jogos para o ensino da Geografia na formação inicial e continuada do professor. Segundo, que os jogos devem ser concebidos como recursos culturais e pedagógicos. Terceiro, que as estratégias de aulas baseadas em atividades para a formação de competências e habilidades favorecem ao desenvolvimento do pensar no aluno. Quarto, que o jogo é uma importante estratégia de ensino-aprendizagem lúdica. Quinto, os jogos podem ser considerados como instrumentos e recursos pedagógicos interdisciplinares. Em sexto, foi possível concluir, que os alunos aprenderam os conteúdos geográficos trabalhados por intermédio da construção e aplicação dos jogos, assim como, desenvolveram à compreensão do espaço vivido, adquirindo sua própria interpretação, de maneira crítica, sobre o espaço estudado. Corroborando desta forma a hipótese levantada na pesquisa.