Uma análise da Revolta da Vacina (1904) sob a ótica da autoinstituição castoridiana

Abstract

O objetivo da proposição deste trabalho é o de analisar a Revolta da Vacina (1904) – ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal – sob a chave analítica da autoinstituição, arcabouço conceitual desenvolvido pelo filósofo de origem grega Cornelius Castoriadis, partindo da concepção da própria população enquanto sujeito ativo e autônomo da História – como de fato o foi neste levante – e trazendo essa renovada abordagem teórico-metodológica da mencionada revolta para o Ensino de História. Além desta histórica insurgência da população carioca, ocorrida após o decreto da obrigatoriedade velada da vacinação e revacinação variólica, em novembro de 1904 – instituição jurídica inserida em uma macro conjuntura política de conduta autoritária, arbitrária e repressora do Estado –, o presente trabalho também visa propor a utilização da ótica teórico-metodológica castoriadiana em questão para a análise e inteligibilidade de outras mobilizações populares urbanas no Brasil do final do século XIX e início do século XX, como a Revolta do Vintém (1879 – 1880), a Revolta dos Marinheiros (1910), o movimento paredista de 1917 e a tentativa insurrecional anarquista de 1918.