ENEM e PNLD: um estudo sobre a linguagem e o conteúdo presentes nos concursos de acesso ao Ensino Superior e nos livros didáticos, utilizando a química orgânica como área de conhecimento

Abstract

A partir do ano de 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ganhou importância significativa na vida de milhões de estudantes brasileiros, isso porque esse exame passou a ser o principal instrumento de acesso às universidades públicas do país. Ao considerar a relevância de se obterem bons resultados nos exames, é fundamental compreender que todos os estudantes necessitam ter condições adequadas de estudo, em especial os do ensino público, de modo a minimizar as possíveis desigualdades existentes entre eles e os estudantes da rede privada. Dessa forma, o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) tem papel fundamental na preparação desses estudantes, uma vez que tem a função de selecionar e distribuir os livros didáticos que serão utilizados por esses alunos como fontes de estudo para que obtenham a aprovação desejada nesse exame vestibular. Porém, nem sempre o discurso adotado nos enunciados e itens presentes no ENEM são devidamente contemplados por esses livros, e dessa forma, o presente trabalho traçou um paralelo entre esses discursos, e identificou incoerências que podem comprometer a aprovação desses alunos dependentes desses livros aprovados pelo programa. Assim, utilizando a Taxonomia de Bloom Revisada, foram feitas análises entre o conteúdo e o discurso presentes no Enem, e àquele encontrado nos livros didáticos selecionados, tendo como ferramenta de análise três questões de Química Orgânica presentes nos exames dos anos de 2018 e 2019, anos em que o PNLD vigente contemplava as edições dos dois livros selecionados. Ainda que possamos reconhecer o imenso valor pedagógico presente nos livros selecionados, se faz necessário ressaltar que os mesmos necessitam de ajustes afim de se adequar à linguagem presente no principal exame vestibular do país, e dessa maneira, possibilitar melhores condições de estudo aos milhões de estudantes que se utilizam desses livros, e de certa forma, minimizar as desigualdades inerentes ao ensino público quando comparamos com as condições dadas aos alunos da rede privada de maneira geral. Por fim, podemos concluir esse trabalho afirmando que este pode ser ponto de partida para que outras áreas da química, como a Química Geral ou a Físico-Química, possam servir de fonte de estudo com os mesmos objetivos pedagógicos, e de certa forma, ajudar na melhoria do ensino público de maneira geral.