Lugar de mulher é no PROEJA também!: um estudo sobre evasão e permanência no CPII - Campus Centro

Abstract

Esta pesquisa, realizada no âmbito do ProfEPT, coletou e analisou dados sobre os altos índices de evasão escolar que ocorrem nos cursos de Educação Profissional e Tecnológica, na modalidade PROEJA, em todo o território nacional. Como estudo de caso, abordou a permanência e a evasão escolar de mulheres matriculadas nos cursos de Técnico em Administração e de Assistente em Administração, ministrados no Campus Centro do Colégio Pedro II, na educação de jovens e adultos, entre os anos de 2018 e 2020. O objetivo deste estudo foi compreender a dinâmica de acesso e permanência das mulheres que ingressam nos cursos de EPT – PROEJA, oferecidos pelo Colégio Pedro II – Campus Centro, a fim de colaborar para a redução dos níveis de evasão escolar. Utilizou-se uma metodologia qualitativa na qual foram aplicadas técnicas de observação participante, além de questionários semiabertos e entrevistas semiestruturadas com alunas, ex-alunas e professoras dos cursos. As respostas analisadas pela metodologia da Análise de Conteúdo mostraram que as mulheres entrevistadas nesta pesquisa desempenham múltiplos papéis sociais; arcam com a maior parte do trabalho doméstico; assumem, frequentemente, o protagonismo no cuidado com os filhos e outros membros da família; muitas renunciam à própria formação em favor de terceiros e acumulam, reiteradamente, trabalho remunerado e trabalho doméstico. Elas elencam como fatores que podem levar à evasão escolar: o cansaço pelas várias tarefas desempenhadas simultaneamente; a violência urbana; a falta de uma rede de apoio para o cuidado dos filhos e familiares idosos; o desemprego e as dificuldades financeiras. Produziu-se um áudio-documentário em formato de podcast, como produto educacional, sobre as trajetórias das entrevistadas e que funcionou como ferramenta de troca de saberes, para incentivar a construção de redes de apoio e empoderamento entre as mulheres estudantes. O podcast abordou temas relacionados à construção da cidadania feminina através da educação e do trabalho. Ao fim, confirmamos nossa hipótese de que as estudantes do PROEJA buscam a escolarização tardia, muitas vezes, como forma de enfrentamento das opressões sociofamiliares, à revelia de todas as demais atividades que exercem em jornadas duplas ou triplas, numa nova tentativa de reescreverem suas histórias, alcançarem postos de trabalho mais dignos e serem reconhecidas como cidadãs plenas por toda a sociedade.