A inserção das metodologias ativas em práticas pedagógicas da geografia no ensino fundamental II: alguns pontos para reflexão

Abstract

O conceito de metodologias ativas de ensino tem recebido destaque, recentemente, como potencial transformador do modelo escolar, tido como tradicional e problemático, por centralizar o exercício docente na transmissão de informações pelos professores. Apesar da popularização recente dessa perspectiva, sabe-se que preocupações e proposições semelhantes estiveram presentes nos debates pedagógicos por décadas. O crescimento da utilização da terminologia “metodologias ativas” ocorre, por vezes, sem a consolidação de debates teóricos primordiais para sua introdução crítica e transformadora nos ensinos disciplinares. Assim, tal perspectiva tem sido apropriada de diversas maneiras e tem trazido inovações mais ou menos consistentes em relação à lógica do ensino tradicional. Dessa forma, o objetivo do presente artigo configura-se em compreender as formas pelas quais a noção de metodologias ativas tem sido apropriada em práticas de ensino de Geografia no segmento do Ensino Fundamental II. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica sistemática que localizou quatorze trabalhos que apresentaram práticas pedagógicas voltadas ao ensino de Geografia no Ensino Fundamental II e que se identificaram explicitamente com a perspectiva das metodologias ativas. Os trabalhos foram objetos de análises quantitativas que caracterizaram o grupo como um todo e de análises qualitativas que focalizaram o exame dos textos e das práticas. Os resultados evidenciaram amplo crescimento recente da introdução de metodologias ativas na Geografia do Ensino Fundamental II, muitas vezes marcada pela ausência de discussões teóricas sobre essa perspectiva. Todavia, notou-se que os trabalhos que ancoraram suas reflexões teóricas em debates pedagógicos consolidados e em teorias da aprendizagem foram mais capazes de produzir práticas de ensino coerentes com os princípios das metodologias ativas, quando comparados com aqueles que enfatizaram a discussão em torno das referências específicas sobre metodologias ativas, sem dialogar com outros debates pedagógicos consolidados.

The concept of active methodologies has recently been highlighted as a potential transformer of the school model, which is seen as traditional and problematic, for centralizing the teaching exercise in the transmission of information by teachers. Despite the recent popularization of this perspective, we know that similar concerns and propositions have been present in pedagogical debates for decades. The increased use of the terminology “active methodologies” occurs, sometimes, without the consolidation of fundamental theoretical discussions for its critical and transformational introduction in the disciplinary teachings. Thus, this approach has been appropriated in several ways and has brought about more or less consistent innovations in relation to the logic of traditional teaching. So, this article aims to understand the ways in which the notion of active methodologies has been appropriated in Geography teaching practices in the Elementary School II segment. To achieve this goal, we carried out a systematic bibliographic review, which located fourteen works that presented pedagogical practices aimed at teaching Geography in Elementary School II and that were explicitly identified with the perspective of active methodologies. The researches were analyzed both quantitatively, in order to characterize the group as a whole and qualitatively, that examined texts and practices. The results showed a broad recent growth in the introduction of active methodologies in the Geography of Elementary Education, often marked by the absence of theoretical discussions about this perspective. However, we noted that the studies that the works which anchored their theoretical reflections on consolidated pedagogical debates and on learning theories were more capable of producing teaching practices consistent with the principles of active methodologies, when compared to those that emphasized the discussion around specific references on active methodologies, without dialoguing with other consolidated pedagogical debates.