O Nise da Silveira e as múltiplas possibilidades pedagógicas da luta antimanicomial

Abstract

No presente trabalho trataremos da relação entre a luta antimanicomial e suas possibilidades pedagógicas, pensadas a partir do Instituto Municipal Nise da Silveira em seus espaços vinculados e suas configurações atuais, relativas ao processo de desinstitucionalização. Como objetivo central do trabalho, vamos analisar como é possível pensar e apresentar uma pedagogicidade que envolve uma geografia antimanicomial. Para tal, baseado na experiência, observaremos notadamente dois espaços distintos onde geografia e saúde mental se encontram: o Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana e o Espaço Travessia. Tais iniciativas conjugam arte e cultura com educação e saúde mental em suas práticas. Enquanto percebemos uma valiosa abordagem pedagógica no Loucura Suburbana e o seu desfile, saindo do Nise e ocupando as ruas do Engenho de Dentro em um encontro com seus foliões; o Espaço Travessia, outra iniciativa gestada a partir do mesmo Instituto, recebe artistas de diversas origens e promove ocupações que contribuem para pensar as questões da cidade de maneira crítica, imaginar e criar novos horizontes de transformação a partir da força da cultura como promotora de saúde. O trajeto sugerido pelo Loucura traz uma espacialidade para a luta antimanicomial e o subúrbio cantados em seus sambas, configura-se como uma importante relação de educação não-formal. Já no Espaço Travessia encontramos possibilidades de agregar propostas ligadas ao ensino de geografia. A partir, mas para além, de uma geografia escolar, propomos uma atividade de campo com alunos do ensino fundamental, um exercício de deriva, uma experiência coletiva que privilegia a criação de diferentes caminhos.