Eugenia? branquitude?: desafios e oportunidades dos estudos das relações étnico-raciais na formação docente

Abstract

As relações sociais no Brasil são pautadas historicamente pelo racismo. Desse modo propomos que os estudos das questões étnico-raciais na formação de professores/as tenham uma abordagem estruturada a partir dos conceitos de eugenia, branquitude e branqueamento. Precisamos refletir nessas formações não só acerca dos efeitos do racismo, mas as causas, para ampliarmos as condições de combate. Assim, esta pesquisa tem como tema os estudos dos conceitos de eugenia (aplicada à realidade brasileira do final do século XIX e início do XX) e branquitude, e suas possíveis questões com a educação formal cotidiana. Logo, partindo da premissa de uma sociedade na qual o mito da democracia racial, fundamentado no processo de branqueamento para uma educação excludente é a realidade atualmente, são necessários alguns questionamentos. Por exemplo, pessoas trabalhadoras da Educação são formadas para práxis profissionais de modo racializado através de conceitos como branquitude e eugenia na História da Educação? Desse modo, o problema levantado aqui é de que maneira a ausência sócio histórica do conhecimento dos conceitos de eugenia e branquitude pode interferir na formação docente. Originando-se dessas indagações, o objetivo geral deste trabalho é identificar possíveis consequências de ausências da abordagem dos conceitos de eugenia (do trabalho de Paulo Bonfim) e branquitude (do trabalho da pesquisadora Maria Aparecida Bento) na formação acadêmica inicial e continuada de docentes da Educação Básica. Metodologicamente, este trabalho está estruturado com características de análise documental, com análises de documentos e legislações educacionais brasileiras à luz do Letramento Racial Crítico. Encontramos como resultados da pesquisa a confirmação da ausência dos termos eugenia e branquitude no âmbito da formação inicial e continuada de docentes da Educação Básica a partir das análises dos documentos. Assim, indicamos, como material de orientação, uma proposta de formação inicial e/ou continuada para a temática – Produto Educacional – direcionado a docentes atuantes na Educação Básica contendo os conceitos de eugenia e branquitude, suas questões na educação e sugestões de práxis educativas não eugênicas. Entendemos também a existência da necessidade de continuidade dos estudos sobre o tema para além de uma análise documental.

Social relations in Brazil are historically guided by racism. Therefore, we propose that the studies of ethnic-racial issues in teacher training have a structured approach based on the concepts of eugenics, whiteness and whitening. We need to reflect in these formations not only on the effects of racism, but the causes, to expand the conditions for combat. Thus, this research has as its theme the studies of the concepts of eugenics (applied to the Brazilian reality of the late 19th and early 20th centuries) and whiteness, and their possible issues with everyday formal education. Therefore, starting from the premise of a society in which the myth of racial democracy, based on the whitening process for an exclusionary education, is currently the reality, some questions are necessary. For example, are people working in Education trained for professional praxis in a racialized way through concepts such as whiteness and eugenics in the History of Education? Therefore, the problem raised here is how the socio-historical absence of knowledge of the concepts of eugenics and whiteness can interfere with teacher training. Originating from these questions, the general objective of this work is to identify possible consequences of the absence of an approach to the concepts of eugenics (from the work of Paulo Bonfim) and whiteness (from the work of researcher Maria Aparecida Bento) in the initial and continued academic training of teachers at the Basic education. Methodologically, this work is structured with characteristics of documentary analysis, with analyzes of documents Brazilian educational legislation in the light of Critical Racial Literacy. As results of the research, we confirmation of the absence of the terms eugenics and whiteness in the scope of initial and continuing training of Basic Education teachers based on the analysis of the documents. Therefore, we indicate, as guidance material, a proposal for initial and/or continued training for the theme – Educational Product – aimed at teachers working in Basic Education containing the concepts of eugenics and whiteness, their issues in education and suggestions for educational praxis not eugenics. We also understand the need to continue studies on the topic beyond a documentary analysis.