Uma história de amor sem ponto final: a escola de samba como ponte ancestral para formação da identidade e autoestima de crianças negras

Abstract

O trabalho, intitulado "Uma História de Amor Sem Ponto Final: A Escola de Samba como Ponte Ancestral para Formação da Identidade e Autoestima de Crianças Negras", explora a importância das Escolas de Samba como espaços de resistência, acolhimento e formação identitária para crianças negras. A partir do conceito de escrevivência, conforme definido por Conceição Evaristo (2017), narro minha vivência pessoal e acadêmica, destacando o impacto do racismo na escola formal em face do papel transformador das Escolas de Samba, em especial do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro, no qual cresci. Minha pesquisa foi fundamentada em teóricos como Nilma Lino Gomes (2002, 2003), que discute a educação antirracista, e Beatriz Nascimento (1989), que amplia o conceito de Quilombo como símbolo de resistência e preservação da cultura afro-brasileira, bem como utilizo as contribuições de Azoilda Loretto da Trindade (2005) sobre valores civilizatórios africanos na educação infantil e Kabengele Munanga (2005) sobre a valorização das manifestações culturais afro-brasileiras. Em especial, destaco o impacto do enredo "Candaces" do GRES Acadêmicos do Salgueiro (2007) como uma ponte ancestral que resgatou minha autoestima e identidade, contrapondo-se à invisibilidade e violência racial vividas na escola formal, cujo racismo institucional, é descrito por Eliane Cavalleiro (2023), e deve ser combatido ao se utilizarem práticas pedagógicas que valorizem a ancestralidade e a cultura negra. Por fim, desejo que a educação se inspire nos valores das Escolas de Samba, utilizando o samba como ferramenta pedagógica para fortalecer a autoestima e identidade de crianças negras, alinhando-se à Lei nº 10.639/03 e à Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2003, 2018).