Quando a aula é no YouTube? A História Pública e Digital como ponto de partida para as relações no Ensino de História

Abstract

Este trabalho pretende, à luz das problematizações realizadas no campo da História Pública (ALBIERI, 2011; CARVALHO, 2016) (LIDDINGTON, 2011; SANTHIAGO, 2016) e do Ensino de História (MONTEIRO; PENNA, 2011), identificar e discutir algumas das possíveis relações de vídeos do YouTube com temática histórica e as implicações de ensino e aprendizagem em História no ensino básico. O conceito de “consciência histórica” (CERRI, 2011; SCHIMIDT, 2009) foi mobilizado como forma de compreender que existem muitas possibilidades de atribuição de significado à experiência no passado e sobre ele. Diante dessa multiplicidade de sentidos do passado, que constituem a consciência histórica de uma sociedade, é possível afirmar que, atualmente, as ferramentas digitais exercem um papel fundamental na construção desta. Assim como os meios de comunicação e as ferramentas digitais, a disciplina de História – tanto escolar quanto acadêmica – coexiste e coabita o universo escolar dos jovens no ensino básico; provocando, por vezes, tensões que podem ser úteis ao desenvolvimento de uma profícua relação de ensino e aprendizado em História. Este campo de reflexões, compreendido como um lugar de fronteira (MONTEIRO; PENNA, 2011) entre as formulações do campo educacional e também da teoria da História, nos possibilita conceber que o uso de diferentes saberes e práticas, dentre elas o aproveitamento dos vídeos amplamente acessados pelos estudantes, pode funcionar como um aliado pedagógico, ao invés de um “inimigo”.

This study aims to identify and discuss, in light of the debates developed in the field of Public History (ALBIERI, 2011; CARVALHO, 2016; LIDDINGTON, 2011; SANTHIAGO, 2016) and History Education (MONTEIRO; PENNA, 2011), some of the possible connections between historically themed YouTube videos and the implications for teaching and learning History at the basic education level. The concept of “historical consciousness” (CERRI, 2011; SCHMIDT, 2009) was employed to understand the multiple ways of assigning meaning to past experiences and interpretations of the past. Given this multiplicity of meanings, which shape a society’s historical consciousness, it is possible to affirm that digital tools currently play a fundamental role in its construction. Alongside mass media and digital tools, the discipline of History—both academic and school-based—coexists within the educational environment of young students in basic education, sometimes generating tensions that can foster productive teaching and learning processes. This field of reflection, understood as a frontier space (MONTEIRO; PENNA, 2011) between educational practices and the theory of History, allows us to consider that the use of diverse forms of knowledge and practices—such as the pedagogical use of widely accessed videos by students—can serve as an educational ally, rather than an “enemy.”