Jogos dramáticos e alfabetização: ludicidade e discurso no processo de aprendizagem

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo compreender de que maneira os jogos dramáticos poderiam contribuir para o processo de alfabetização no 1º ano do ensino fundamental, à luz da perspectiva discursiva da linguagem. Nessa abordagem, a linguagem é entendida como prática social, trespassada por valores, vozes e sentidos em constante construção. Partindo do princípio de que o brincar é uma forma de expressão e produção de significados, o estudo propôs a articulação entre ludicidade, corporeidade e dramatização como caminhos para promover uma alfabetização dialógica, centrada na escuta, na interação e na autoria. De natureza qualitativa, a investigação adotou a metodologia de casos de ensino (Mizukami, 1996, 2000), cuja proposta valoriza a análise de situações concretas como propulsoras de reflexão crítica e formativa. O estudo foi realizado com uma turma do 1º ano do Colégio Pedro II, Campus São Cristóvão I, na cidade do Rio de Janeiro e o corpus compôs-se de atividades aplicadas com jogos dramáticos registros em diário de campo e observações participantes. Como desdobramento, foi produzido um Produto Educacional em formato de e-book, destinado a professores(as) alfabetizadores(as), com propostas de atividades baseadas nas experiências vivenciadas. O referencial teórico inclui contribuições de Vygotsky (2007, 2009, 2014), Bakhtin (1997, 1998, 2002, 2011, 2015), Smolka (2003, 2008), Spolin (2005, 2008, 2017), Freire (1967, 1985, 2019), Ausubel (2003) e Mizukami (1996, 2000), que oferecem condições de se pensar sobre a linguagem, o corpo e a escuta como elementos constitutivos da aprendizagem. Os resultados mostram que os jogos dramáticos, ao promoverem a circulação de sentidos e a participação ativa das crianças, configuram-se como práticas significativas no processo de construção do mundo e da língua escrita.