Ensino inclusivo de bioquímica na educação básica: apresentação de uma sequência didática sobre proteínas para estudantes deficientes visuais do ensino médio

Abstract

O atendimento educacional inclusivo na rede regular de ensino é garantido por diversas legislações brasileiras. A escola inclusiva, com a pedagogia centrada na criança, foi a solução apresentada para garantir o ensino de todos. A chegada de estudantes com deficiência visual traz desafios constantes para os docentes e, também, para os discentes. A produção de materiais adaptados, como também o próprio planejamento de atividades nas quais os aprendizes possam, de fato, serem incluídos constituem os principais desafios. Aulas com estratégias que se apoiam somente em recursos visuais oferecem muitos obstáculos para os discentes superarem, desestimulando-os. O presente trabalho teve como objetivo a construção e apresentação de uma sequência didática, com materiais táteis ou palatáveis, que contemplassem os deficientes visuais no aprendizado de bioquímica de proteínas, conteúdo lecionado no 1º ano do Ensino Médio. Para tanto foram construídos modelos de proteínas em diferentes níveis de organização estrutural, utilizando arame, contas e Velcro®. Também foram construídos modelos de enzimas com massa de biscuit e imãs, de modo a representarem a atividade catalítica exercida pelas mesmas. Além desses, outros modelos foram empregados na sequência didática visando o desenvolvimento do conceito de desnaturação proteica. A desnaturação de uma enzima hipotética foi representada por meio de gráfico tátil construído com materiais de papelaria. A avaliação do aprendizado consistiu na aplicação de um jogo de cartas, escrito em braile ou impresso com fonte ampliada, com os conceitos trabalhados. A sequência didática permitiu concretizar parte do conteúdo de bioquímica de proteínas, ao explorar de maneira simples as texturas, variações de temperatura e sabor. O material é de fácil replicação, durável e também apresenta potencial para atender outras especificidades educacionais distintas da proposta pela autora, além de permitir o aprendizado de um assunto que exige abstração, e que geralmente são apresentados de formas visuais.

Inclusive educational service in the regular school system is guaranteed by several Brazilian legislations. Inclusive school, with child-centered pedagogy, was the solution presented to ensure the teaching of all students. The arrival of visually impaired students brings constant challenges for teachers and students. Production of adapted materials, as well as the planning of activities in which learners can in fact be included, are the main challenges. Classes with strategies that rely solely on visual aid offer many obstacles for students and discourage them. The present work had as objective the construction and presentation of a didactic sequence, with tactile or palatable materials, which contemplated the visually impaired in the learning of protein biochemistry, content taught in the 1st year of high school. Protein models were built at different levels of structural organization using wire, beads and Velcro®. Enzyme models built with cold porcelain clay and magnets were used to represent the catalytic activity exerted by them. Besides these, other models were employed in the didactic sequence aiming at the development of the concept of protein denaturation. Denaturation of a hypothetical enzyme was plotted using a tactile graph constructed with stationery. The learning assessment consisted of applying a card game, written in Braille or printed in large font, with the concepts worked on. The didactic sequence made it possible to realize part of the protein biochemistry content by simply exploring textures, temperature variations and tastes. The material is easy to replicate, durable and also has the potential to meet other educational specificities different than the one proposed by the author, besides that, the material allows the learning of a subject that requires abstraction, and which are usually presented in visual ways.