“O mesmo se ensina separadamente a pretas”: letramento(s) de liberdade(s) (XIX – XX)

Abstract

O presente estudo busca refletir a partir de dois pontos centrais: a escravidão e o mundo do trabalho, o protagonismo das mulheres negras, independentemente de sua condição (cativa, livre ou liberta), relacionando-as com os letramentos. Para tal, os letramentos aqui serão compreendidos como formas de entendimento e interpretação do mundo em que vivem esses sujeitos, transcendendo o mero domínio dos códigos escritos. No entanto, a escrita e a oratória também serão exploradas, pois representam formas de poder, especialmente no período analisado, em que a taxa de analfabetismo era significativa. Além disso, pretendemos provocar uma reflexão sobre os privilégios assegurados pela branquitude e como essa estrutura segue impactando corpos negros, com especial atenção às mulheres negras, cujos corpos são historicamente violados de múltiplas formas. Diante disso, torna-se essencial adotar uma abordagem interseccional, considerando que a mulher negra é atravessada por marcadores que a diferenciam tanto dos homens quanto das mulheres brancas.

This study aims to reflect on two central themes: slavery and the world of labor, highlighting the agency of Black women, regardless of their condition (enslaved, free, or freed), and relating these themes to literacies. Here, literacies will be understood as ways of comprehending and interpreting the world in which these subjects live, going beyond the mere mastery of written codes. However, writing and oratory will also be explored, as they represent forms of power—especially during the period under analysis, when the illiteracy rate was significant. Furthermore, we aim to provoke reflection on the privileges secured by whiteness and how this structure continues to impact Black bodies, with particular attention to Black women, whose bodies have historically been violated in multiple ways. In light of this, it becomes essential to adopt an intersectional approach, considering that Black women are affected by markers that distinguish them both from men and from white women.