Mentalidades matemáticas: um novo olhar para a relação ensino-aprendizagem

Abstract

Pretende-se com essa pesquisa analisar a abordagem Mentalidades Matemáticas, desenvolvida pela pesquisadora Jo Boaler e apresentá-la como proposta para uma nova prática em sala de aula. O presente trabalho parte do pressuposto de que o ensino de matemática ainda, em muitas escolas, privilegia estratégias que envolvem a memorização e a mecanização, o que engessa o pensamento dos estudantes. Para além desse fator, mitos da neurociência perpetuam ideias e pré-conceitos, como por exemplo, de que a matemática é para poucos ou que meninos aprendem mais facilmente do que meninas entre outras concepções, sendo a causa de sentimentos de repulsa que resultam em reprovação e até mesmo no fracasso escolar. Com a intenção de contribuir para um processo de ensino-aprendizagem da matemática mais empático, envolvente e significativo para os alunos, verificam-se os fatores que colaboram para gerar aversão nos alunos e tornar a matemática um bicho de sete cabeças. Estudos que envolvem a área da psicologia do desenvolvimento são apresentados para conectar a aprendizagem do ensino da matemática com a melhor forma de se lidar com os desafios no cotidiano, moldar a personalidade, gerar impacto sobre como se aprende a aprender e adquirir ciência sobre o quanto crenças sobre a capacidade de realizar conquistas transforma a caminhada de um aluno ao longo de sua vida. Em suma, se avaliará como esses afluentes psicológicos desaguam na aprendizagem e vão ao encontro da análise da abordagem de Mentalidades Matemáticas, trazendo como proposta essa nova forma de trabalho para a sala de aula, com o intuito de despertar uma matemática viva, reflexiva e humana. São apresentadas propostas de aulas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, do 1º ano ao 3º ano, com um perfil tradicional de atividades e, em seguida, a adaptação destas propostas, inspiradas na abordagem de Mentalidade Matemáticas. Através dessas sugestões de práticas de ensino, espera se evidenciar o potencial da abordagem aqui apresentada e anunciar um novo jeito de fazer matemática através do trabalho com Mentalidades Matemática na Educação brasileira.

The aim of this research is to analyze Mathematical Mindset, developed by Jo Boaler, and present it as a proposal for a new approach to practice in everyday classroom life. This work assumes that teaching mathematics, in many schools, still privileges strategies that involve memorization and mechanization, which hardens the students' thinking. In addition, neuroscience myths perpetuate ideas and preconceptions, such as that mathematics is for few people or that boys learn more easily than girls, among other conceptions, being the cause of feelings of repulsion that result in low scores and even in school failure. With the intention of contributing to a more empathetic, engaging, and meaningful mathematics teaching-learning process for students, the factors that collaborate to generate aversion in students and turn mathematics into a “bogeyman” are verified. Studies involving the area of developmental psychology are presented to connect the learning of mathematics teaching with the best way to deal with everyday challenges, shape the personality, impact on how one learns to learn and acquire knowledge about how beliefs about the ability to achieve achievements transform a student's journey throughout their life. In short, it will be evaluated how these psychological affluents flow into learning and meet the analysis of the theory of Mathematical Mentalities, bringing as a proposal a new approach to the classroom, to awaken a living, reflective and human mathematics. Proposals are presented for classes for the Initial Years of Elementary School, from the 1st to the 3rd year, with a traditional profile of activities, and then the adaptation of these proposals, inspired by the Mathematical Mentality approach. Through these suggestions for teaching practices, we hope to show the potential of the approach presented here and to announce a new way of doing mathematics through working with Mathematical Mentalities in Brazilian Education.