Mulheres negras no mercado de trabalho: visão cultural brasileira e afro referenciada

Abstract

Este trabalho tem como objetivo mostrar as mulheres negras no mercado de trabalho a partir do pós abolição e seus desdobramentos. O presente texto tem a intenção de quebrar com a imagem estereotipada de uma mulher negra subalternizada, passiva ou controlada. Diante desta imagem construída pelo senso comum brasileiro, marcado pelo eurocentrismo, coube aqui mostrar uma perspectiva afro referenciada da mulher negra, através dos pilares do mulherisma africana, do feminismo negro e da cultura iorubá. O trabalho parte da observação de que parte significativa das mulheres negras no Brasil não tem seu trabalho devidamente valorizado, tal como são vítimas de preconceito no mercado de trabalho, recebem salários mais baixos e, muitas das vezes, não trabalham na sua área de formação, não sendo isto sempre fruto de uma escolha voluntária e sim de realidades e vivências. Esse mecanismo do racismo institucional permite esta sabotagem pelo sistema, o que mantém tais problemáticas, principalmente quando não há uma permanência e vigilância das políticas públicas voltadas às classes não privilegiadas, como é o caso da mulher negra. Dentro dessa discussão, os parágrafos abaixo apresentam a construção dos laços de solidariedade entre mulheres negras no pós abolição, dando ênfase no quanto esses laços foram e são importantes para mulher negra nos dias de hoje, enquanto uma ferramenta de fortalecimento e valorização da cultura africana. A fim de trazer afro referências, partindo do trabalho das ganhadeiras no Brasil do pós abolição, e de mostrar como a mulher é vista nas culturas iorubá e brasileira no que diz respeito ao mercado de trabalho, serão abordadas as formas como essas mulheres sobreviveram e sobrevivem no mercado de trabalho nos dias de hoje. Os assuntos abordados relacionam-se com a lei 10.639/03, a qual estabelece o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Mostrar outras culturas que fizeram parte da construção do nosso país com um olhar voltado para o feminino, mostrando a mulher como o centro matri-gestor enriquece o ensino de história. A aplicação dessa perspectiva na prática pedagógica desenvolve a educação como um todo