Conexões entre matemática financeira e economia comportamental em ambientes de educação financeira escolar

Abstract

A abordagem de situações financeiras no currículo de Matemática da Educação Básica, que leve em consideração aspectos matemáticos e não matemáticos, incluindo os aspectos comportamentais, tem sido preconizada pelos documentos norteadores nacionais, especialmente com a recente inclusão da Educação Financeira como tema transversal e integrador na Base Nacional Comum Curricular. O presente estudo traz algumas reflexões sobre a tomada de decisão em situações financeiras considerando noções da matemática financeira, ensinada na Educação Básica, e alguns resultados de estudos da Economia Comportamental. Da Matemática financeira levamos em consideração o estudo do valor do dinheiro no tempo, e os conteúdos associados tais como taxas e fatores de crescimento, progressões, funções e logaritmos. Da Economia Comportamental, com os estudos de Kahneman, Tversky e Thaller, trouxemos algumas heurísticas e vieses, dentre eles a teoria do prospecto, efeitos de enquadramento, e a heurística da assimetria de fontes. A partir do referencial teórico, desenhamos e apresentamos um material didático, formado por um conjunto atividades didáticas compostas por: (i) tarefas didáticas, com conexões com a BNCC e (ii) orientações didáticas, conceituais e metodológicas para o professor. Ambas são referenciadas teoricamente, de modo a convidar os estudantes à reflexão sobre situações financeiras envolvendo trocas intertemporais e tomada de decisão, relacionadas a crédito, financiamento, juros, inflação e planejamento financeiro. A metodologia utilizada foi a Pesquisa em Desenvolvimento. A perspectiva teórico-metodológica se baseia essencialmente nas concepções de Silva e Powell sobre Educação Financeira Escolar; e na arquitetura dos Ambientes de Educação Financeira Escolar, de Muniz, com seus quatro princípios: convite à reflexão, dualidade, conexão didática e multidisciplinaridade. O resultado é um material que busca estimular a produção de significados do estudante diante das situações econômicas de tomada de decisão envolvendo algumas trocas intertemporais, levando em consideração a dinâmica de uma educação matemática que considere aspectos matemáticos e não matemáticos na leitura, interpretação, análise e tomada de decisão em situações econômico-financeiras. Compõe ainda o material, um conjunto de orientações para o professor no sentido de convidá-lo a pensar a tomada de decisão para a aula de matemática, aproveitando temas e habilidades de matemática que já trabalha/desenvolve em determinada série, com modelos, cálculos e simulações, para convidar seus alunos a analisarem criticamente a distribuição de renda em seu bairro, cidade, estado, país e até em nível global, bem como pensar algumas atitudes e decisões, e suas potenciais consequências para os envolvidos, buscando contribuir para a formação do pensamento crítico do cidadão do século XXI.