Um olhar matemático, crítico e cultural sobre obras de artes afro brasileiras

Abstract

Para que uma educação seja libertadora é necessário, entre outras coisas, que cada aluno se entenda como um ser social e compreenda as relações de poder que influenciam a sociedade. A matemática e as artes são importantes formas de expressão da sociedade e trabalhar a interface desses dois domínios pode possibilitar um ensino voltado para o diálogo entre o pedagógico e o social. Com o propósito de promover essa educação libertadora no ensino básico, fundamentada em uma aprendizagem repleta de significado é que o presente trabalho se constrói. A questão de pesquisa está, portanto, enunciada da seguinte forma: de que maneira a Educação Matemática Crítica pode propiciar o conhecimento e o respeito à cultura afro-Brasileira, através de atividades que trabalhem os níveis do pensamento geométrico? Para responder a essa questão foi construída uma coletânea de atividades com o intuito de promover diálogo entre as disciplinas e reflexões étnico-raciais com base nas questões teóricas que envolvem a interdisciplinaridade, a educação matemática crítica e a construção do pensamento geométrico. Tal coletânea, deu origem ao produto educacional intitulado: Geometria Artística: a cultura afro-Brasileira em questão. A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, com características de pesquisa-ação. A investigação de campo, na forma de uma oficina, e foi aplicada no Colégio Municipal Francisco Porto de Aguiar, com alunos do 6° e 7° anos do ensino fundamental. Para a coleta dos dados, foram aplicados os seguintes instrumentos: (i) questionário seguindo de uma discussão com o intuito de verificar os conhecimentos prévios dos participantes acerca de olhares sobre obras de artes visuais, (ii) as respostas dadas pelos participantes nas atividades construídas e aplicadas na oficina, (iii) diário de campo da pesquisadora principal construído durante a aplicação e (iv) um questionário, após a realização da oficina, para avaliar se a proposta propiciou (ou não) ganhos no espectro de conhecimentos sobre a cultura afro-Brasileira. Além desses instrumentos, a pesquisadora principal organizou um diário de campo com anotações das observações coletadas durante a aplicação das atividades da oficina. No final da pesquisa, as intervenções realizadas contribuíram para o desenvolvimento do pensamento geométrico, uma vez que boa parte dos alunos conseguiram perceber a geometria em obras de artes, e ampliou o conhecimento sobre a cultura afro-Brasileira possibilitando assim desenvolver que o alunado criticamente desenvolva reflexões sobre a importância do respeito à cultura afro-Brasileira.