Orixás, Cablocos e Guias. intolerância e racismo religioso na construção de Edir Macedo.

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar o livro “Orixás, Guias e Caboclos: deuses ou demônios?” de Edir Macedo. Para isso, recorreremos ao conceito de representação, refletiremos sobre o contexto em que a obra foi desenvolvida, consideraremos momentos da trajetória do autor e alguns aspectos característicos da Igreja Universal do Reino de Deus. Veremos que as representações construídas por Macedo disseminam uma visão preconceituosa e racista dos aspectos materiais e simbólicos das religiões afro-brasileiras. Veremos que a Obra de Macedo reflete os desdobramentos sócio-histórico-político de fatores que estão associados às origens da colonização portuguesa na América, onde o colono branco priorizou a exploração mercantil e do trabalho dos negros e indígenas, considerados inferiores por eles. Neste processo as crenças e os ritos desses povos foram igualmente considerados inferiores e passaram a ser demonizados e associados à ideia de magia, bruxaria e feitiçaria. Por isso, o pensamento de que essas crenças causam malefícios por meio de forças ocultas, sobrenaturais e, por vezes, demoníacas é frequente. As ideias desenvolvidas por Edir Macedo promovem a intolerância religiosa e estão fundamentadas em teorias racistas que remontam ao período colonial, mas que não ficaram restritas a esse espaço de tempo.